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Impactos da peste suína africana na China e no Brasil
22
Jul

Impactos da peste suína africana na China e no Brasil

A peste suína africana é causada por um vírus altamente contagioso e acomete exclusivamente suídeos domésticos e asselvajados (javalis e seus cruzamentos com suínos domésticos). Não há tratamento para a doença, que pode apresentar taxa de mortalidade de 100%. Os sintomas comuns são febre e perda do apetite, além de vomito, diarreia, dificuldade em respirar e ficar em pé.

A transmissão ocorre por meio de contato direto com animais infectados, o que torna a doença altamente perigosa. Diversos países estão relatando que javalis selvagens são um dos culpados pela disseminação da PSA. Outra grande preocupação é a capacidade de sobrevivência do vírus (vários meses, em carne processada, e vários anos, em carcaças congeladas), o que pode causar transmissão entre fronteiras.

Desde o primeiro caso reportado em agosto de 2018, a peste suína africana vem se alastrando pelo país e causando danos irreparáveis. Segundo os dados da FAO, mais de 1,1 milhão de cabeças foram sacrificadas na tentativa de controlar a disseminação da doença. Se considerarmos o continente asiático, mais de 3,6 milhões de cabeças já foram abatidas.

Conforme estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o rebanho total de suínos da China deverá diminuir 19,6% em 2019, em comparação com 2018, passando de 683,8 milhões para 550 milhões de cabeças. Consequentemente, a produção de carne suína decrescerá 10,3%, fazendo com que o país recorra às importações e mude os hábitos de consumo, aumentando a demanda por carne bovina e de frango.

Exportações de soja

A previsão é de que, em 2019, o consumo de carne suína na China caia 9,2%, o de carne bovina aumente 3,6% e o de frango, 9,8%. A China é a principal compradora de soja do Brasil e a queda do rebanho chinês pode causar uma redução nas importações desse grão, tendo em vista que 83,4% de toda a soja consumida na China é destinada à alimentação animal. Segundo o USDA, o gigante asiático deverá importar aproximadamente 86 milhões de toneladas da leguminosa em 2018/2019, 8,6% a menos do que na safra anterior. Por outro lado, a importação de carnes pela China está aumentando e o Brasil é um dos responsáveis por atender esse mercado.

Exportações de carne

De acordo com o USDA, a estimativa é que o Brasil aumente em 2,4% as exportações de carne de frango, 6,1% de carne bovina e 23,3% de carne suína. De janeiro a maio de 2019, as exportações de carne suína aumentaram 16,7% em comparação com o mesmo período de 2018, sendo que de toda carne suína exportada neste ano, 25,9% foram destinados à China. Para suprir essa demanda, a produção de carne de frango aumentará em 2,1%; a bovina, 3% e a suína, 5,6%.

Os impactos no mercado interno, principalmente de suínos, já estão sendo sentidos e os preços do cevado nas granjas e a carcaça suína no atacado estão firmes neste ano. Se compararmos com junho do ano passado, o preço do suíno nas granjas paulistas cresceu 45,6% e, no atacado, a cotação da carcaça está 42% maior. Lembrando que, em junho de 2018, a greve dos caminhoneiros prejudicou a produção, provocando alta de preço para o suíno. Os abates de suínos, no primeiro trimestre de 2019, aumentaram 5,5% frente ao primeiro trimestre de 2018, segundo o IBGE.

Conclusões

A diminuição do rebanho chinês pode causar uma queda na exportação brasileira de soja em 2019 e o fator “demanda” que colaborou bastante em 2018 com as altas de preços, pode pesar menos. Porém, o que se viu até aqui foi um volume embarcado 5,7% maior entre janeiro e maio. Embora ainda haja questões externas a ser resolvidas, como a guerra comercial entre China e Estados Unidos, que poderá impactar nas exportações brasileiras e no câmbio, a maior demanda chinesa está surtindo efeito para o setor de carnes (bovina, suína e de frango) e causando aumento nas exportações. Os impactos no mercado interno serão maiores para os suínos, tendo em vista a importância da China neste mercado.

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